segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PROJETOS

POR QUE TRABALHAR COM PROJETO?



Maria de Fátima Bernardes*

Kátia Albuquerque**

Maria Izabel Bade de Castro Pedro***



O trabalho com projeto, trata-se de uma postura, de uma concepção em que o professor organiza e propõe situações de ensino baseadas nas descobertas espontâneas e significantes dos alunos, permitindo que a síntese do conhecimento constituído seja expressada de um modo que, ele (aluno /autor), reflita sobre as ações e seja capaz de desenvolver e criar um produto que revele a sua aprendizagem.

"A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a:


O tratamento da informação;
A relação entre os diferentes conteúdos em torno dos problemas e hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação, precedentes dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio. (Hernandez e Ventura, 1998).
A proposta de se trabalhar com projetos remete a uma reflexão sobre o papel da escola, sua função social e o (re) significado das experiências escolares para aqueles que dele participa.

Os princípios didáticos que fundamentam essa proposta voltam-se para uma aprendizagem significativa, - em que o aluno constrói o seu conhecimento, atribuindo sentido próprio aos conteúdos e a transformação da informação procedentes dos diferentes saberes disciplinares, não-disciplinares, míticos e de senso comum-, e a globalização,-perspectiva que trata de explorar as relações entre o objeto de pesquisa e os diferentes campos do conhecimento -.

O ponto de partida para se organizar um projeto de trabalho é a escolha do tema. É importante que o professor tenha a sensibilidade de identificar as áreas de interesses dos alunos, seja a partir de experiências anteriores, da informação que têm sobre os projetos já realizados ou em processo de elaboração por outras classes. O tema pode pertencer ao currículo oficial, proceder de uma experiência comum (estudo de campo, visita ao museu, sitio histórico), originar-se de um fato da atualidade, do surgimento de um problema proposto pelo professor, ou emergir de uma questão que fica pendente em outro projeto.
Trabalhar com projetos é alternativa que busca superar as práticas habituais e possibilita:
Tornar a prática educativa mais dinâmica e contextualizada (o problema proposto, a elaboração de hipóteses, a experimentação, a argumentação e a analise dos erros);
Gerar situações de aprendizagem reais e diversificadas;
Relacionar os conteúdos em atividades interdisciplinares;
Considerar a atuação do aluno enquanto sujeito da própria aprendizagem;
Favorecer a construção da autonomia e da autodisciplina.
Essas situações permitem colocar os alunos em um contexto de aprendizagem onde, eles: aprendem a "fazer fazendo", errando, acertando, problematizando, levantando hipóteses, investigando, refletindo, pesquisando, construindo, discutindo e intervindo.

Justificativa:

Na sociedade atual, o processo de globalização tem contribuído para as mudanças que estão acontecendo na educação. Nunca se discutiu tanto educação no Brasil. Estamos vivendo a revolução do conhecimento. Há quem diga que ela é tão grande que supera a revolução agrícola e industrial.
Com o desenvolvimento tecnológico, o conhecimento e a informação passam a ser algo instantâneo. As diversas especializações do conhecimento científico e do saber em geral provocam modificações no processo educacional, pois a convivência entre gerações adultas e as jovens mostrou-se insuficiente para preservar todo o conhecimento acumulado.
As constantes inovações cientificas e tecnológicas têm contribuído para uma nova visão de educação. Cabe portanto a escola, cada vez mais, o papel de preparar as novas gerações para um mundo em mudança permanente e, ao mesmo tempo, preservar e atualizar a cultura dos grupos sociais.

Neste momento, é importante discutir que tipo de pessoas se pretende promover com a escola?

"A escola que vamos construir precisa ser a escola que a nova sociedade necessita uma escola séria no passado histórico para uma escola responsável organizada para uma escola planejada. De rígida para uma escola flexível que saiba trabalhar com o imprevisto, como dinâmico. De escola centrada no ensino para uma escola centrada na aprendizagem. Do poder de ensinar ela precisa passar a ter o poder de aprender" (Educação em revista, 1998).

Um grande número de informações pode ser diariamente captado através dos diferentes meios de comunicação (rádio, televisão, jornais, internet, etc). Saber ler, escrever, interpretar, argumentar, planejar, resolver situações problemas, e ter domínio sobre as novas tecnologias são atividades básicas, essenciais à participação social. Devem, portanto, ser aprendidas por todos.

Os sistemas pedagógicos evoluíram com as sociedades. Modificam-se os métodos, os currículos, os conteúdos, a forma de aprender, ensinar e avaliar.

É importante ter bem clara a distinção entre ensinar e aprender. Aquele que ensina, planeja, faz escolhas, prepara propostas de ação, enquanto aquele que aprende deve estabelecer relações criativas com os conteúdos tratados, envolvendo-se com o trabalho, questionando-se, construindo novos significados e representações, pois, segundo Dewey, "se não se compreende o que se aprende, não há uma boa aprendizagem".

"A educação para compreensão, pelo contrario, organiza-se a partir de dois eixos que se relacionam:

como se supõe que os alunos aprendem e
a vinculação que esse processo de aprendizagem e a experiência da Escola têm em sua vida."
A partir dessa concepção, o ensino deve possibilitar a aquisição de estratégicas de conhecimento, onde o aluno compreende as interpretações sobre o fenômeno da realidade, dos lugares que se constroem e assim compreende a si mesmo.

Nessa perspectiva, a escola deve construir uma proposta de ensino com o propósito de desencadear, nos alunos, um processo cognitivo e emocional que envolva os conteúdos eleitos no planejamento, de modo a provocar construções de conhecimento - ou seja, de aprendizagens - relacionadas àqueles conteúdos.

Os conteúdos escolares incluem todas as formas culturais que a escola considera importantes para a formação integral do cidadão e envolvem a aprendizagem daquilo que devemos saber (os fatos, os conceitos e princípios), aquilo que devemos saber e fazer (os procedimentos) e aquilo que devemos ser (valores, atitudes e normas)" Pátio - revista Pedagógica, 1998).



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